Viver no mesmo Mundo

Viver no mesmo Mundo

É na convivência com todos que nos vamos formando como pessoas: aprendemos, ensinamos, amadurecemos, enriquecemo-nos emocionalmente…enfim, tornamo-nos pessoas melhores! As relações interpessoais são um pilar básico para a nossa vida, no entanto, nem sempre são fáceis, principalmente quando acontecem entre indivíduos com formas diferentes de (vi)ver o mundo. A pessoa portadora de Perturbações do Espectro do Autismo tem uma forma muito peculiar de compreender os outros e tudo o que a rodeia, e só através do esclarecimento e da informação da sociedade é que poderemos abrir as portas que permitam que todos pertençamos ao mesmo mundo. Comecemos por conhecer as dez coisas que a criança com Autismo gostaria que os outros soubessem:

1) Antes de tudo eu sou uma criança.

Tenho autismo. Não sou somente “Autista”. O meu autismo é só um aspecto do meu carácter. Não me define como pessoa.

2) A minha percepção sensorial é desordenada.

Os meus sentidos são muito sensíveis e as sensações que passam desapercebidas no vosso dia a dia podem ser dolorosas para mim. O ambiente em que vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou noutro planeta, mas eu só estou a tentar defender-me. Eu não sei onde está o meu corpo neste espaço.

3) Por favor, lembre-se de distinguir entre eu não posso (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer).

Receber e expressar a linguagem pode ser muito difícil para mim. Não é que não ouça as frases, eu é que não as compreendo. Quando me chamam isto é o que eu ouço “Bzzzz João”. Ao contrário, se me disserem directamente com um vocabulário simples: “João, por favor, coloca o teu livro na estante. Está na hora de almoçar”. Isto diz-me o que é que querem que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para eu compreender.

4) Eu sou um “pensador concreto”. Não consigo fazer abstracções.

Tenho dificuldade em interpretar o sentido oculto das palavras. Não compreendo piadas nem duplas intenções.

5) Tenha paciência com o meu vocabulário limitado.

Dizer o que preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto. Por isso, preste atenção à linguagem do meu corpo (retracção, agitação ou outros sinais de que algo está errado). As palavras difíceis que de vez em quando eu digo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas.

6) Oriento-me melhor se tiver pistas visuais.

Por favor, mostre-me como fazer alguma coisa em vez de simplesmente me dizer. Um esquema visual ajuda-me, durante o dia-a-dia, a saber o que vai acontecer.

7) Diga-me o que posso fazer em vez de dizer só o que eu não posso fazer.

8 ) Ajude-me nas interacções sociais.

Pode parecer que não quero brincar com as outras crianças, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Não sei interpretar expressões faciais, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se me ensinar como devo responder socialmente.

9) Tente descobrir o que provoca a minha perda de controlo.

As “birras” são mais horríveis para mim do que para quem assiste. Elas acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo. Se conseguir descobrir o que causa a minha perda de controlo, a “birra” poderá ser prevenida ou até evitada.

10) Se sois um membro da minha família amai-me sem nenhuma condição.

Vós não conseguistes atender a todas as expectativas que os vossos pais tinham para vós e não gostaríeis de ser sempre lembrados disso.

Grupo de Educação Especial