Três anos da chegada do Museu dos Catos Moura Marques ao Agrupamento de Escolas da Sé - Lamego
Um percurso interessante…
do poder ser, ao Ser…, Ser, mas sem, deveras, se conhecer.
Os cavalos da cavalaria é que formam a cavalaria.
Sem as montadas, os cavaleiros seriam peões.
O lugar é que faz a localidade. Estar é ser.
Fernando Pessoa
Somos tantos… Dizem, mesmo, que somos demais… Mas, um de nós, foi diferente também na sua “mania”: colecionava catos… Gostava de SER assim.
Mais um professor, com tanto tempo de férias, que até se dava “ao luxo” de manter um hobby: regar, replantar, desparasitar e acarinhar, no seu quintal, perto de 5000 exemplares e 400 espécies dessas xerófitas que, para além de serem muito bem tratadas eram, ainda, «educadas» …Ouviam música!
Era uma vez… o professor Henrique de Moura Marques. Lecionou, nos últimos anos, na escola do 1.º ciclo Lamego n.º2, do Agrupamento de Escolas da Sé. Era um professor apaixonado pela Natureza e, como tal, do belo, do estético... Conhecia os nomes científicos das árvores, dos arbustos, das plantas rasteiras. Mas, a sua verdadeira paixão eram os catos – que, cá para nós, também ele os conhecia pelos seus nomes próprios…
Entretanto, como em todas as histórias, os cavalos dos príncipes ficam cansados e, o nosso herói tem de avançar, ferido e exausto, em nome do seu desejo, em busca da sua grande ambição: manter o seu “jardim” em pleno equilíbrio… A saúde faltou e ele queria concretizar o seu último sonho: entregar a coleção a algum organismo de Lamego, que além de a acolher, a tornasse sua, e que pudesse ser visitada por todos os que a almejassem conhecer: alunos, seus pais e familiares, turistas, visitantes de outras terras e lugares e, com ainda maior agrado, a sua tão conhecida e próxima comunidade Lamecense.
Na senda de uma busca por um lugar da localidade que recebesse “a sua criação desenvolvida ao longo de 40 anos de vida”, o professor Moura Marques – o professor da Boina – encontrou, no diretor do Agrupamento de Escolas da Sé, alguém que aceitou o desafio proposto Esta ação foi mediada por uma professora, colega e amiga do Moura Marques: estaria o sr. diretor disponível para se envolver e acreditar no projeto de criar um museu de catos na escola da Sé?
Perante esta possibilidade, e um tão bem recebido assentimento desse repto, um grupo de professoras nunca mais parou… E foram as diligências dos amigos e colegas, os patrocínios angariados e o apoio final da Câmara Municipal de Lamego, para fazer as mudanças logísticas, que permitiram a criação das instalações físicas necessárias ao acolhimento das espécies de que hoje, desde o dia 13 de fevereiro de 2013, tomaram o seu lugar, no que passou a ser chamado «Museu dos Catos Moura Marques».
Este museu nasceu de um sonho; o sonho foi concretizado com o trabalho dos amigos, e graças à generosidade dos Lamecenses. Mas… ainda não se encontra devidamente dado a conhecer. Conhecimento, de direito, pela sua beleza e novidade, e como obra de imponência inigualável, pela sua importância pedagógica e geradora de responsabilidade onde, quer na grande variedade existente, quer no equilíbrio das espécies entre si, o museu dos catos fala por si.
Só o fazer conquista o saber… Mas ainda somos poucos os que têm tempo, individual e institucional, para a dedicação devida a tão rara coletânea que se tem imposto, não pela divulgação interna, em papéis ou situações de ocasião, mas pelo testemunho daqueles a que a este museu se têm dedicado, de quem têm cuidado, do tão pouco que têm esperado e recebido, mas, sem dúvida, tendo garantido, continuarão a garantir o lugar que se fez localidade: Museu dos Catos Moura Marques.
Armanda Nascimento