(Homenagem a Nuno Júdice)
Março
Abro o cesto de março. Escapa-se de imediato o cheirinho a lima e a limão. Saboreio de novo o tão desejado batido de banana com iogurte de morango. Libertam-se os pássaros ávidos por retomarem os ensaios dos concertos de verão. Os grilos escalam o cesto para prepararem as suas marchas nupciais. O calor evade-se lentamente acompanhado pelos passeios pelas montanhas. Desenrolo os primeiros raios de Sol e arrumo as nuvens cinzentas. Soltam-se os animais do seu sono de beleza e desembrulho as tenras folhas das árvores. Colho o último ramalhete de mimosas e já sinto o aroma de abril.
Matilde de Sepúlveda Velloso, 11.º B
Julho
Abro o gavetão de julho e começo por deitar fora o frio e a roupa quente. Desenrolo o mar, a brisa e as ondas. Desdobro o sol radioso e ofereço-o às plantas tristes. Limpo o pó aos vestidos e aos calções e desembrulho os biquínis. Acaricio o dia 13… Escondo bem os livros. Fecho o gavetão antes de seguir os animais, domésticos e selvagens, nas suas caminhadas pela fresca noturna de agosto.
Ana Filipa Maravilha Duarte Ribeiro, 11.º B
Novembro
Abro o baú de novembro. Despejo as castanhas, o Silêncio e a chuva. Desdobro as luvas, o gorro e a felicidade que o nevoeiro me traz. Apanho o vento, o cinzento e a lenha que estavam no canto. Trinta dias depois abrirei a arca de Dezembro.
Sebastião Perestrello, 11.º B