Para comunicarmos com os outros (passe a aparente redundância), precisamos, em primeiro lugar, de os conhecer. Quanto melhor conhecermos o nosso interlocutor, melhor podemos compreendê-lo e mais facilmente lhe podemos adaptar a(s) nossa(s) linguagem(ns). Um TAS precisa de comunicar com os seus doentes, de quem, não raro, sabe muito pouco. Por isso, deve tentar interpretar os sinais que vai colhendo, inferir uma vida a partir deles e reformular o seu retrato mental constantemente, sempre de acordo com a informação adicional que vai adquirindo. Para se tornar exímio neste exercício, deve treinar a atenção aos pormenores e a imaginação. Foi o que os alunos fizeram numa aula no exterior, em que lhes foi pedido que ouvissem conversas soltas, falas avulsas, na rua. A Tatiana Machado ouviu alguém apregoar na feira «Vamos lá, ó povo! Ó povo! Ó povo! A 10, a 10!». Depois, na escola, imaginou a vida deste vendedor.
Breve retrato de P
P. é um vendedor de CDs, que anda de feira em feira, é solteiro, tem 25 anos, vive num apartamento em Viseu, é de etnia cigana. P. não tem filhos, mas gosta de ter sempre algum dinheiro para ajudar a sua família e para usufruir de algumas novas tecnologias. É uma pessoa assertiva, divertida, simples e orgulhosa. P. sabe que a vida está difícil e pensa que se isto continuar assim vai ter que emigrar, para conseguir sobreviver e conseguir ter uma vida muito melhor do que a que tem como feirante.
Tatiana Machado, n.º 12.