Em Gouveia

Em Gouveia
Acampa-se
Montam-se as tendas
Vai-se à piscina
Convive-se
Experimenta-se a adrenalina dos desportos radicais
Toca-se guitarra
Dança-se na tenda electrónica
Conhecem-se pessoas em speed datings
Comem-se tremoços enquanto se vê um jogo de futebol
Ouvem-se concertos ao ar livre
Aprende-se a dançar em workshops
Pratica-se head banging
Faz-se moche nos concertos
Comem-se uns belos cachorros e pães com chouriço
Em Gouveia…
…. gouveia-se!

Ana Ribeiro, 11.º B

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Palavra puxa palavra

É tão linda a amizade!
Amizade, sentimento tão profundo!
Profundo e verdadeiro.
Verdadeiro com a água que corre nos rios
Rios que desaguam no mar.
Mar de sonhos, de encantos…

Andreia Fernandes, 7º D

Amar não custa
Custa é sofrer
Sofrer por não ter ninguém
Ninguém que proteja
Proteja da solidão
Solidão tão cruel!

Alessia Pereira, 7º D

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Na terra das expressões idiomáticas e afins

Fui obrigado a fugir por razões que não posso revelar. Fugi do meu país, rumo à floresta da Amazónia, tentar sobreviver tempo suficiente até arrefecerem os ânimos, o que durou cerca de um ano.
Não tive dificuldades, fui treinado para aguentar situações destas, mas para grande surpresa minha, quando explorava a floresta para ver até onde era possível ir sem me perder na vegetação, encontrei uma grande parede de tijolo com uma placa a dizer “Terra das expressões idiomáticas” (estranhei a placa estar em português) e um grande portão escancarado em metal. Curioso, entrei, e a primeira coisa que vi foi uma criatura sem pés nem cabeça a fugir com o rabo entre as pernas de uma ave de mau agouro.
— Okaaaaay? Mas que raio foi aquilo?
Estranhei de novo, mas decidi continuar a andar, para ver se encontrava algo que me pudesse ajudar a passar o tempo de que precisava até que as coisas acalmassem.
Passou por mim uma mosca e, enquanto eu tentava enxotá-la, uma seta rasou-me a mão e a cara, espetando-se contra a parede de uma casa. Ouvi logo de seguida uma voz a gritar:
— NA MOSCA!!!
Quando reparei, a seta trespassava em cheio nela, algo que não achava que fosse realmente possível.
— Peço desculpa. Não o magoei pois não?
Quando olhei para trás, estava um rapaz. Não devia ter mais de 8 anos, mas chocou-me o facto de ele não ter a boca onde devia. Ele falava pelos cotovelos. O cotovelo que abria e fechava, deixava à vista uns dentes bem afiados que quase pareciam cortar o músculo que estava milímetros atrás, havendo até uma pequena abertura de onde se podia ver o osso. O rapaz repetiu a pergunta, à qual respondi balbuciando:
— N-Não, não me magoaste. Diz-me, têm alguém que governe esta cidade?
— Temos sim – dizia ele pelo cotovelo. — O Testa de Ferro.
— Testa de Ferro? Porquê esse nome?
— Ora, porque será? Tem uma testa de ferro…
— E onde é que o posso encontrar?
— A minha mãe disse-me que ele ia hoje para a praça fazer um discurso para a sua reeleição. É seguir em frente e virar à esquerda nas sete quintas.
Agradeci e fui andando. Não foram necessários mais do que alguns passos até que vi uma mulher a chorar sobre leite derramado, um homem com uma corda ao pescoço e outro a entrar por um cano.
Estava eu já nas sete quintas, quando passou por mim uma mulher a engolir um sapo… vivo… Parecia estar com dificuldades para conseguir tal proeza, por isso, tirou do bolso o que me pareceu ser uma tempestade num copo de água. Pegou no copo, aproximou-o do sapo e esperou uns segundos. A tempestade criou um relâmpago que fez o sapo entrar pela garganta abaixo dela.
Fingindo que nada de perturbador se tinha passado, cheguei por fim à praça, onde estava o Testa de Ferro a responder a perguntas do público. Reparei, no entanto, que ele parecia bastante inseguro.
— O Sr. Presidente — perguntava um homem com as barbas de molho — vai decidir o que fazer com os cidadãos que passam a vida a trepar paredes? Eles já são mais que as mães.
O Sr. Presidente andou de um lado para o outro até que se virou para uma pessoa que dava água pelo joelho e que fez ele? Lavou as mãos! Pôs-se de joelhos à frente do tipo, abriu a torneira e lavou as mãos.
Uma senhora, que batia as botas sarcasticamente, gritava:
— Não pode lavar as mãos para sempre, se não decidir o que fazer, pego na sua testa e fervo-a em pouca água!
A população já estava a ficar impaciente, começou a exaltar-se, a aproximar-se cada vez mais do presidente. Vi um homem com uma cabeça de alho chocho a pegar numa forquilha, onde outro homem, este bem mais pequeno, se agarrava com unhas e dentes, uma mulher que tinha um pescoço tão grande que parecia deixá-la com a cabeça nas nuvens a pegar numa foice e outro que abriu o coração para de lá tirar uma lata.
— Bem, isto já é demais — pensei — Estou a ver que aqui não irei conseguir ajuda nenhuma.
Fiz um gesto de despedida que, certamente, ninguém viu, pois estavam todos ocupados a mudar de água para o vinho e voltei para o acampamento improvisado que tinha no meio da floresta à sombra de uma bananeira a evitar voltar à vaca fria.

Sebastião Perestrello, 11º B

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Na hora do almoço, na escola

Na hora do almoço, na escola,
corre-se e empurra-se para a fila da cantina,
conversa-se no átrio,
compra-se material escolar na papelaria,
imprimem-se documentos na reprografia,
pratica-se desporto no pavilhão,
namora-se no jardim,
fazem-se os trabalhos de casa,
vêem-se livros, lêem-se notícias,
incomodam-se os vizinhos,
exploram-se vídeos da internet
joga-se às cartas,
compram-se chocolates,
comem-se croissants e bolos no bar,
grita-se, ri-se, descansa-se, ouve-se música,
repreendem-se os alunos,
vigiam-se os alunos.
Na hora do almoço, na escola,
almoça-se e …
… Espera-se pelo toque das 14 h e 30 m.

Diogo Ribeiro, 11.º B

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O que há?…

1- O que há na escola?
Muitos livros na sacola.
Um menino com cartola.

2- O que há na cantina?
Nada de cafeína.
Uma clementina.
Uma sobremesa pequenina.
Bastante proteína.

3- O que há na sala de aula?
A professora Paula.

4- O que há no intervalo?
Um miúdo que fez um galo.
O meu amigo Gonçalo.

5- O que há no recreio?
Tudo, menos receio.
Um jogo a meio.

6- O que há na papelaria?
Uma grande romaria.

7- O que há no jardim?
Uma flor de jasmim.

8- O que há na rua?
Uma grande grua.
A escola que é tua.

Alessia Pereira, 7ºD
Rafaela Fernandes, 7ºA

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À memória de uma revolução

cravi
(Homenagem a Nuno Júdice, II)

Abro a caixa do 25 de abril de 1974
Vejo soldados, ouço a rádio, verifico que é
o povo quem mais ordena, lembro o capitão
Salgueiro Maia, escuto “Grândola Vila Morena”e
“ Depois do Adeus”. Sinto o cheiro dos
cravos nas espingardas. Viva a fraternidade,
a amizade, a liberdade de dizer, a liberdade
de crescer, a liberdade de escolher!

Alessia, 7º D
 

Abro a arca do dia 25 de abril de 1974
Sinto o cheiro dos cravos
que vaidosamente espreitam das espingardas
dos soldados. Já não pressinto o medo,
a tristeza e angústia na cara das
pessoas. Olho e, de repente,
a multidão sai à rua.

Catarina Lourenço, 7º D
 

Abro o baú do dia 25 de abril de 1974
Vejo uma grande revolução, soldados, espingardas e cravos.
Sinto que a ditadura chegou ao fim! A multidão ri e
Chora de alegria: finalmente, vivemos em
Democracia!!!

Andreia Fernandes, 7º D
 

Abro a arca do dia 25 de abril de 1974.
Vejo que é o povo quem mais ordena. No ar,
sinto o cheiro dos cravos. Vivo em liberdade e
em Democracia.

Beatriz Carvalheira, 7º D
 

Abri a arca dos tempos anteriores ao dia 25 de Abril de 1974
Vi guerra, senti o medo, a tristeza, a ameaça. Lembrei-me
de Salazar, da PIDE e da ditadura.
 

As flores e os frutos de uma revolução
(Homenagem a Eugénio de Andrade)

Cravos , homens revolucionários, golpe de Estado ,
Lisboa , capitães, forças armadas, liberdade ,
fraternidade, igualdade, Zeca Afonso,
políticos , “Grândola Vila Morena,”
rádio, revolução, espingardas, soldados ,
“ E Depois do Adeus,” “Somos Livres” e
“ Menina dos olhos tristes,”
25 de abril , PARA SEMPRE!

Cátia Leonor, 7º D
 

Revolução, liberdade, golpe de Estado,
capitães, soldados, regime político, cravos,
povo, Lisboa, Terreiro do Paço,
forças armadas, fraternidade, igualdade,
vontade, democracia.
Tudo isto conquistado num só dia!

Beatriz Duarte, 7º D

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À mãe

MÃE,
Tudo aquilo que te disser
Nada há de ser tão grande
Como o amor que sentes por mim!

Beatriz Duarte, 7º D

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Brincadeiras aliterativas

Cátia, a catita, caminhou, calmamente com o seu cão Caio. Chegada a casa, com calor, colocou, no corredor, o cachecol castanho que combinava com a sua camisola.

Cátia Leonor, 7º D
 

Pedro patinou no pátio, pondo os pés com perícia nos patins. Parou perante um pato, pestanejando perante o perigo. Perplexamente, partiu a perna.

Ana Catarina, 7º D

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Carta das ovelhas errantes

(Homenagem a Julio Cortázar)

Excelentíssimo senhor Diretor da Sociedade Protectora dos Animais Imaginários,

Somos um grupo de ovelhas que temos uma vida muito triste: vivemos encerradas num curral quase todo o dia, a única coisa que podemos ver são os muros, o nosso amo e o cão. Passamos o dia a dar leite e quando parimos um filho tiram-no-lo. A mesma coisa se passa com a lã que nos extraem no verão. É certo que nos aliviam bastante do calor, mas não beneficiamos do que é nosso.
Um dia o nosso amo esqueceu-se de fechar a porta, e visto que ali não se encontravam nem ele nem o seu cão… saiu uma de nós de cada vez, muito sorrateiramente, para o rafeiro não ouvir os nossos passos. Que bom é poder estar em liberdade! Que grande sensação! Todas brincávamos, saltávamos e meeeeávamos, alegremente…
Já íamos longe, quando se ouviu um ladrar bastante furioso:
– MÉÉÉle… fugir! – Todas desatamos a dar às perninhas (…). Até que, depois de tanto corrermos, chegamos a um imenso prado verde, onde apareceu uma pessoa com uma venda num olho que não parava de dizer isto:
– Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

– De facto, se olharmos à nossa volta, todos estes campos são verdes, mas aquela venda no olho deve-o deixar daltónico, todos sabem que os limões são amarelos! E depois ainda nos chamam a nós néééscias.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;

– Mééé, isto é verdade…
Ovelhas, que nela
– Ah! Está a falar de nós…!
Vosso pasto tendes,

– Não, está a falar para nós!!!
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,

– E que traz a Primavera,
E eu das lembranças
Do meu coração.

– As lembranças, isso é lá com ele… Cada um sabe das suas.
Gados que pasceis
Com contentamento,

– Com muita alegria, sim!
Vosso mantimento
Não no entendeis;

– Mééé …. não???
Isso que comeis
Não são ervas, não:

– Então!?
São graças dos olhos
Do meu coração.

– Isso não sabemos, não…
Pouco depois deste homem se ir embora, apareceu o nosso amo e o rafeiro e conseguiram apanhar cinco companheiras. Nós, as que ficamos, vivemos na clandestinidade, e é por isso, senhor diretor, que lhe escrevemos esta carta, para que nos ajude a encontrar esse tal homem misterioso, junto de quem certamente estaremos seguras e que, sem dúvida, nos ajudará a acabar com a injustiça da nossa prisão.
Atenciosamente,
As ovelhas errantes.

Diogo Ribeiro,11

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Os três A’s

Antes, não sabia escrever.
Agora, já sei.
Amanhã, já serei uma escritora.

Antes, era uma larva.
Agora, sou uma borboleta.
Amanhã, voarei.

Antes, era um ovo.
Agora, sou um pato feio.
Amanhã, serei um cisne.

Antes, era pequenina.
Agora, sou adolescente.
Amanhã, serei uma grande mulher.

Andreia Fernandes, 7º D
 

Antes, era pequena.
Agora, sou crescida.
Amanhã, serei adulta.

Antes, era um ovo.
Agora, sou pintainho.
Amanhã, serei galinha.

Antes, era embrião.
Agora, sou bebé.
Amanhã, serei alguém.

Antes, era árvore.
Agora, sou madeira.
Amanhã, serei papel.

Alessia Pereira, 7º D
 

Antes, não ia à escola.
Agora, frequento o sétimo ano.
Amanhã, irei para a faculdade.

Antes, não sabia ler.
Agora, já sei.
Amanhã, lerei muitos livros.

Antes, era tinta.
Agora, sou palavras.
Amanhã, serei um poema.

Antes, não sabia escrever.
Agora, escrevo lindos textos.
Amanhã, escreverei histórias de amor.

Antes, era semente.
Agora, sou flor.
Amanhã, serei fruto.

Antes, era larva.
Agora, sou borboleta.
Amanhã, voarei.

Beatriz Duarte, 7º D

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