Se eu fosse…

Se eu fosse uma criança…
Teria muita esperança!
Se eu fosse uma parede…
Pintar-me-ia de verde!
Se eu fosse uma árvore…
Seria de tudo menos de mármore!
Se eu fosse um arbusto…
Divertir-me-ia, no jardim, com o Augusto!
Se eu fosse jardim…
Cheiraria flores de jasmim!
Se eu fosse flor…
Oferecer-te-ia o meu odor!
Se eu fosse uma ave…
Voaria mais alto que uma nave!
Se eu fosse andorinha…
Voaria de manhãzinha!
Se eu fosse pardal…
Saltitaria até ao Natal!

Andreia Fernandes e Sofia Fernandes, 7ºD

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Um dia normal

Esta é a aventura de um jovem e… Ah não, esse tipo de começos já estão demasiado vistos, não concordas, Al?
-Também acho, Narrador, mas então, como começamos?
Heh, esta estória não tem nada de especial. Apenas conta como nós os dois salvámos a cidade Iliekchocolate no ano X1337.
-Ya, foi demais. Os invasores n00b não tiveram a mínima hipótese. Conta lá então.
Tudo bem. No ano X1337, Al e eu andávamos a viajar pelo mundo apenas pela bela vontade de o fazer, quando por nós passou a correr um homem que já devia andar pela meia-idade. Ficámos surpreendidos pelo facto de naquela altura da sua vida ele ainda conseguir correr àquela velocidade mas decidimos continuar. Segundos depois, passou por nós, a uma velocidade ainda superior, uma criatura horrenda com cara de javali e cabelo até meio das suas costas corcundas, armado com uma faca de talhante a persegui-lo. Ambos parámos, pasmados com a horripilante figura. O Al não resistiu a fazer um comentário acerca da terrível aparência da besta.
Realmente era um monstro hediondo, mas quando chegámos a Iliekchocolate “aquilo” era bem capaz de ganhar o concurso de Miss Universo, amordaçado e com todos os seus membros atrás das costas. A cidade estava a ser atacada por um bando de seres extraterrestres, cada um mais feio que o outro, a matarem indiscriminadamente qualquer coisa que se mexesse. Achámos que devíamos ajudar aquela comunidade, ninguém devia ter que ver algo tão vil como aquelas criaturas. O Al sacou da sua sniper e dos seus nunchakus e eu da minha espada encantada e saltámos para a batalha. Um, dois, três, cinco, dez… fizemos disto um jogo e no final acabei por perder cento e cinquenta e sete contra cento e sessenta e dois. Um dia normal…

Sebastião Perestrello, 11.º B

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(Des)coordenados…

Daniel foi passear e encontrou Marta. Ou ele lhe conta tudo ou vai perdê-la para sempre. Ele adora-a, mas não lhe diz a verdade. Está com medo, pois não sabe a sua reacção.
Não lhe contou nada, portanto perdê-la-á.
Diogo Ribeiro, 11.º B

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Durante e depois das férias

Em férias sinto:
– uma imensa felicidade
– o amor no ar
– saudade de certas pessoas
– o cheiro do mar
– o cansaço provocado por um ano de aulas
– a liberdade a correr no sangue
– vontade de conhecer novas pessoas, de viajar, de descobrir o desconhecido,
o nunca sentido anteriormente
– divagar por lugares nunca dantes navegados
– oportunidade para cultivar amizades com tempo e dedicação
– alegria por poder praticar actividades náuticas

Mas no fim das férias sinto:

– um imenso desgosto
– o amor a ausentar-se
– satisfação por poder abater a saudade
– o cheiro do mar a afastar-se
– as aulas a chamarem-me para mim
– a liberdade a esborrachar-se por entre as mãos
– tristeza por perder a companhia de algumas pessoas
– desgosto por voltar dos locais encantados que conheci
– mágoa por ver amizades a dissolverem-se
– como quando te conheci: houve um tempo, um lugar e um sentimento… o tempo ficou sempre marcado, o lugar será sempre lembrado e o sentimento jamais esquecido.

Diogo Ribeiro, 11.º B

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Gosto de um amigo assim

Gosto do um amigo que saiba:
Ouvir e respeitar
Dar conselhos
Criticar quando estou errado
Ver os meus sentimentos
Fazer silêncio
Ser feliz e fazer-me feliz
Estar no seu lugar
Não ser desequilibrado
Dar espaço aos outros
Ouvir música
Ajudar os outros
Assistir a filmes
Ver e ser visto, com discrição
Jogar, pelo menos xadrez
Trabalhar com dedicação à causa
Escolher um clube de futebol (F.C.P)
Apreciar automóveis
Ser realista
Ser diferente
Gostar de animais
Gostar de estar comigo
Ser amigo.

Bruno Costa 11ºB n.º2

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A terra‑de‑onde‑as‑cores‑desertaram

 

“Quando acordou, de manhã bem cedo, abriu os olhos sem saber onde estava, mas o quarto de paredes brancas, com quadros brancos, móveis brancos, chão branco, deixaram-na perplexa. Levantou-se e correu a abrir a janela branca. Para seu espanto, as montanhas eram cinzentas, as árvores e os jardins também. Percebeu que estava na Terra‑de‑onde‑as‑cores‑desertaram.”

Rosa pensou que estava a sonhar, mas o belisco tirou-lhe as dúvidas.

Bateram à porta. Era um velho senhor chamado Bernardo, líder do Grupo dos Restauradores das cores. Dirigiu-se a Rosa e disse-lhe:     

 – Este mundo nem sempre foi assim. As pessoas viviam alegres e sorridentes. Mas agora, sem as cores, não podemos ser felizes. A tristeza domina os nossos corações. Já não há vida nesta terra. Tudo tem a cor da morte. Grey não gosta de outra cor senão cinza e branco. Até proibiu as festas em honra do Arco‑Íris que costumávamos realizar todos os anos. Estamos a planear tirá-lo do trono mas não sem primeiro restituirmos as cores a este reino. Espero que esse dia esteja perto. Quando procurámos ajuda numa outra dimensão, apareceste tu. Não sabemos a razão, mas temos a certeza de que nos podes ajudar.

– Que posso fazer por vós?

– O primeiro passo é saber como desapareceram as cores. Algo nos diz que possuis essa informação.     

– Vou contar-vos uma história que a minha avó me costumava contar. Era uma vez um reino, uma grande e próspera terra. Antigamente chamava-se Colorida e todos os anos havia uma festa em honra do Arco-Íris, seu padroeiro. Todos gostavam desta época festiva, todos menos o príncipe Grey que tinha as trevas no coração. Quando o rei morreu, Grey subiu ao trono e proibiu o Arco-Íris de aparecer no seu território. O Arco-íris recusou-se a ceder à exigência de Grey, mas este tinha dotes de feiticeiro. Lançou‑lhe um feitiço e nunca mais ninguém o viu. O tempo passou, todos notaram que as cores não tinham a mesma vida de outrora. As flores andavam cabisbaixas e as pessoas também. O Reino ia escurecendo e as cores acabaram por desertar.

A história que Rosa contou fez Bernardo perceber que as cores vinham do Arco‑Íris e não haviam desaparecido antes porque eram renovadas todos os anos no dia da festa. Mas agora não havia festa nem Arco-Íris nem renovação das cores.

Consultaram o Grande Livro de Todos os Feitiços Alguma Vez Lançados e, depois de o folhearem durante bastante tempo, descobriram que o Arco-Íris fora vítima do feitiço da descoloração. Rosa lera sobre isto num dos seus livros. O feitiço da descoloração é anulado com a poção da origem dos Arco-Íris. Faz-se com uma nuvem carregada de água, um raio de sol e uma pitada de qualquer cor. Nuvens não faltavam em Terra‑de‑onde‑as‑cores‑desertaram mas conseguir um raio de sol seria uma tarefa muito difícil e uma cor, impossível. Foi então que surgiu uma ideia.

 – Podemos utilizar uma pitada de Rosa. – Disse Bernardo.

– Não estou a perceber.

– Eu explico. Tu serás a cor. Juntaremos um fio de cabelo teu aos outros ingredientes. Por isso foste a escolhida. Porque és uma cor e sabes da história. E assim poderemos acabar a poção.

Um dos obstáculos estava ultrapassado. A próxima meta seria arranjar o resto dos ingredientes. Bernardo apressou-se a trazer uma nuvem carregada de água, diminuindo-lhe o tamanho com a sua varinha. Para conseguirem o raio de sol tiveram de subir à montanha mais alta, que atingia o mais alto ponto dos céus. Aí, por cima das nuvens, poderiam ver o sol radiar. Subiram durante 225 horas.

Quando finalmente chegaram ao topo, puderam guardar o raio necessitado. Escalar esta montanha era uma tarefa extremamente complicada. Tal feito merecia uma recompensa. No momento em que recolheram o raio, a montanha começou a mover-se formando um enorme escorrega até à superfície. Quando chegaram lá abaixo prepararam a poção. Agora teriam de encontrar a fonte da origem dos Arco-Íris e derramá-la lá. Depois de muitas pesquisas na biblioteca, por livros e mapas, finalmente encontraram o local procurado.

Quando lá chegaram, para sua surpresa, estava Grey à espera. Sacou da varinha e apontou-a a Bernardo.

– Ousaste desafiar o teu rei e agora pagarás.

Enquanto Bernardo e Grey disputavam uma batalha de luzes, Rosa caminhava em direcção à fonte sem que dessem por nada. Derramou a poção e imediatamente surgiu daquele buraco um Arco-Íris que se estendeu até onde a vista não alcança. Quando Grey se voltou, num impulso, para ver, enfurecido, o que Rosa tinha feito, Bernardo lançou-lhe uma luz que o fez desaparece.

– Muito bem Rosa! Olha, olha como as cores estão a voltar.

– Estamos em Colorida. – disse Rosa sorrindo – Que aconteceu a Grey?

 – Na verdade não sei. Aconteceu tudo muito rápido. Limitei-me a movimentar a varinha, não sei que feitiço dali saiu.

– Esperemos que não volte…

Neste dia, em que Colorida voltou à vida, realizaram a festa do Arco-Íris, que passaria para esta data. Subiu ao trono um jovem adulto chamado Afonso, que era amado por todos os habitantes. Bernardo tornou-se conselheiro do novo rei e Rosa seria eternamente lembrada como aquela que trouxera as cores de volta ao reino.

Ao fim da tarde, Rosa estava cansada e foi deitar-se. Acordou com a voz da mãe que a chamava para tomar o pequeno-almoço. Podia ver-se uma ponta de desilusão na sua cara. “Afinal não passou tudo de um sonho”.

Se ela tivesse olhado para a janela antes de sair do quarto, teria visto que Grey estava à espreita, à procura de vingança…

Fátima Cartaxo, 10.º C

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Convidados especiais

 

 O ponto de partida foi este verso de Ondjaki : «Convidei a chuva para o meu poema». Pediu-se aos alunos que convidassem entidades especiais e que as recebessem no seu texto, essa sala privilegiada para acomodar a fantasia. Eles contam-nos as suas extraordinárias experiências de anfitriões do Atrevimento, do Silêncio, da Alegria, do Sol.

 

 Convidei o Atrevimento para o meu texto.

Tinha programado um jantar requintado, em que ele era o convidado especial. Esperava que fosse uma verdadeira gala.

Estava quase tudo pronto: os pontos nos «-is»; as palavras a conversarem por ordem frásica; os parágrafos instalados salteadamente. Faltava apenas o tão esperado convidado especial. Tocaram à campainha.  

– Finalmente! Entra! Estava ansiosa pela tua chegada!

– Desculpa, cruzei-me com a distância! Demorei um bocado a despachá-la!

– Entra, que já estão todos à tua espera.

Seguiu-me até ao texto. Deixei-o acomodar-se junto ao restante vocabulário. Fui buscar os dois ingredientes principais da refeição dessa noite: lápis e papel. Quando voltei ao ponto de encontro, o Silêncio tinha ido embora, voltando na vez dele o divertido, embora por vezes incomodativo, Barulho. Pareceu-me que estavam todos a ter grandes diálogos, no entanto só consegui transcrever palavras soltas.

Era hora de jantar, por isso anunciei-o.

Sentámo-nos à volta da narrativa. Eu estava sentada entre duas vastas palavras: a Inspiração e, claro está, o Atrevimento! Reparei que a Inspiração não estava muito para conversar, mas o Atrevimento resolveu logo essa questão. Ele não se calava. Falava de tudo, e à medida que o tempo ia passando a Inspiração ia “animando”. A certa altura parecia que já nem se lembravam que eu estava ali. Estava a ser totalmente ignorada, mas não me importei, pois assim tinha mais tempo para tomar as minhas notas. Ainda tentei intervir na conversa, mas logo me calaram, continuando com o seu diálogo interminável.

Matilde Velloso, 10.º B

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 Convidei o Silêncio para o meu texto…

…Ouvi a campainha de pontuação a tocar, por travessura do seu inimigo Barulho. Segundo ele me disse por telepatia, a única maneira que usa para conversar. Para evitar o regresso do seu inimigo convidei-o a entrar utilizando o mesmo método de comunicação e pedi para se sentar no meu sofá de palavras, enquanto lhe trazia um lanche de travessões e uma bebida de apóstrofes. Ele vinha vestido no seu traje habitual, um casaco de parêntesis preto, umas calças de tremas escuros, um chapéu preto ao estilo dos filmes de detectives antigos e uns ténis de letras brancas sem sentido, a condizer.

Durante a refeição perguntei-lhe pelo Sossego, a Calma e a Tranquilidade que também convidei; contou-me que o Sossego tinha de trabalhar até mais tarde na Shiu! Lta. e que não podia vir, e que a Calma vinha cá ter depois de terminar o seu jogo de golfe, mas não sabia da Tranquilidade. Provavelmente estava nalgum bosque a passear, coisa que ela tanto aprecia, e não reparou nas horas. Pouco depois apareceu a Calma a bater na porta de tis. Depois de todas as cordialidades próprias de pessoa educada, reparámos que a Tranquilidade estava a demorar bem mais do que o costume, por isso, decidimos procurá-la, talvez no parque de frases que havia ao pé da casa dela, mas, deparámo-nos com um problema logo que saímos de minha casa. O Barulho apareceu com a sua prima Chinfrineira e o seu irmão mais velho, o Estrondo, a pregar partidas ruidosas a todos os que passavam, utilizando buzinas de carros de asteriscos, miúdos a gritar, televisores de cardinais em montras com o volume no máximo… Qualquer coisa que faça som numa cidade de textos. Felizmente não tivemos que nos deparar com eles, pois havia uma paragem de autocarros de underscors à prova de som quase à porta da minha casa, e nós apanhámos um. No parque, ela não estava, por isso seguimos para o pequeno bosque que havia fora da cidade. Por alguma razão ela tinha a sua casa na ponta da cidade. Demorámos cerca de uma hora para a encontrar deitada de barriga para cima, no chão, a dormir perto de uma árvore. O Silêncio, que tinha uma paixão de longa data por aquela bela criatura, voltou a cara discretamente ao vê-la assim, corando.

-O que fazemos agora? – Perguntou de imediato o Silêncio – Se a acordarmos ela vira Fúria, se não, ela é capaz de só acordar à noite; ela tem medo do escuro.

-Tens razão. Temos de pensar e… – Ia a Calma a responder quando um barulho altíssimo que não reconheci a interrompeu. Tão alto que o Silêncio fugiu para trás de uma árvore no sentido oposto do som, a tapar os ouvidos, onde a intensidade era menor (a diferença era menos de 0.000001 decibéis, mas tudo conta para os ouvidos do Silêncio).

Mais uma vez era o Barulho.

-Teimoso, o tipo – pensei, no entanto, meio segundo depois lembrei-me da Tranquilidade e desatei a correr na direcção dele antes que ela acordasse; podia ser um idiota, mas não merecia ter de levar com ela, ninguém merecia.

Bem tentei pará-lo, mas não consegui, ia a dar-lhe um murro por ele não dar ouvidos aos meus avisos, provavelmente por desespero de não querer ver a Fúria, quando ela acordou. Os seus olhos verdes viraram um branco quase ofuscante e o seu cabelo castanho claro parecia que flutuava no ar como as ondas do oceano. Percebi que não havia nada a fazer e fugi para perto do Silêncio.

O Barulho não devia saber o que se passava nem com quem se estava a meter…

Sebastião Perestrello 10.º B

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Convidei a Alegria para o meu texto

Chegadas as 5 horas da tarde, a campainha tocou e quando abri a porta, entrou-me a Alegria pela casa dentro. Vinha com um sorriso estampado na cara e vestida de cores garridas. Cumprimentei-a e levei-a para o meu texto. Convidei-a a sentar-se no meu parágrafo, a recostar-se nos meus adjectivos e a beber o batido de boas energias que tinha preparado para ela.

Como estava frio, chegámo-nos perto da lareira a apreciar a tristeza a arder e a libertar fumo. A Alegria sorria de contentamento enquanto saboreava a sua bebida. Começámos por pôr a conversa em dia. Ela contou-me que agora tem andado muito atarefada. Todas as pessoas lhe imploram para que as visite diariamente – contava ela, enquanto se deliciava com o seu agradável batido, até que perguntou: Será que algum dia irei encontrar um ponto final? Eu disse-lhe que em princípio não, porque ela é um bem essencial para a vida das pessoas. E se depender de mim nem vírgulas encontrará. Aliás esteve muito ocupada comigo a contar-me histórias das suas irmãs Alacridade, Fortuna, Ventura, Felicidade, Satisfação, Exultação e também dos seus irmãos, Gáudio, Júbilo, Contentamento e do Êxito. Ficámos horas, dias semanas juntas, até que ela tinha de ir visitar outros textos.  

Agradeci a visita dela. Foi uma tarde agradável e que espero tornar a repetir.

 Ana, 10.º B

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Convidei o Sol para o meu texto, para me iluminar e me encher de ideias.

Está atrasado, mas disse que vinha. Quando os seus raios penetrarem no meu cérebro, lembrar-me-ei de algo para escrever. Espero que não tarde muito. Está a começar a arrefecer.

… … … … … … … … … … … … … …  

O Sol quis jogar às escondidas. Escondi-me atrás das palavras mas ele depressa me apanhou. Quando foi a vez dele, escondeu-se atrás das nuvens. Achei injusto, porque me é impossível alcançá-lo ali. Chamei-o de volta para o meu texto. Voltou mais radiante, com aquele brilhozinho nos olhos, todo contente por ter ganho, e um sorriso de raio a raio. A luz que saía da sua face irritou-me profundamente. Não gosto de perder. Apeteceu-me extinguir-lhe o fogo com palavras frias (gelo, neve, frigorífico, Sibéria…), mas há que tratar bem os convidados. Na verdade, eu nunca consigo ficar muito tempo zangada com o Sol. Ele consegue sempre derreter-me a alma e passado um bocado acabei com a birra. 

De repente, chamou-me a atenção a Chuva lá fora. Vou contar-vos um segredo. Embora seja difícil de acreditar, a verdade é que o Sol está perdidamente apaixonado pela Chuva. Ele quis logo ir ter com ela, mas a Chuva tem namorado, o Arco-íris, e este logo apareceu para mandar o Sol embora. Voltou para junto de mim com um ar muito abalado. Disse que não estava em condições de brilhar mais, despediu-se e foi-se embora. Logo a seguir apareceu a Lua e trouxe consigo a noite. Estava cansada e deitei-me. Ali, na minha cama, sentia os meus olhos a fechar, a abrir, a fechar… Vi-me num novo mundo: o mundo dos sonhos.

Fátima Cartaxo, 10.º C

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Um Rally à volta do Contrato de Leitura

 

Não quisemos que as possibilidades do Contrato de Leitura se esgotassem na leitura e apresentação do livro à turma. Reunidos os títulos, pediu-se aos alunos que escolhessem 7 deles e que fizessem um rally de títulos, isto é, que escrevessem uma narrativa na qual tivessem que integrá-los de modo coerente, independentemente do conteúdo de cada livro.

Na mais alta solidão , ela estava pensativa a olhar pela janela. A lua de Joana estava bem lá no alto a brilhar para ela. «Eu tenho um sonho», eu quero viver», diz Joana despertando do seu pensamento. Então a adolescente deitava-se para dormir em busca de um novo dia. Começando a aparecer o sol na sua janela, Joana acordou. Levantou-se na ideia que tinha algo a realizar. Decidiu falar com a sua mãe que já se tinha levantado:

– Mãe! Gostava de te perguntar uma coisa.

– Diz Joana.

– Será que eu não poderia ir com a Alice na viagem?

– Oh, Joana. A tua irmã vai de lua de mel, não podes ir com ela.

– Mas eu gostava tanto. Por favor, perguntem à Alice.

– Não, isso está fora de questão. Mas tive uma ideia, porque não falas com o teu primo, o Magalhães, que toca piano e viaja imenso? Tu gostas tanto dele.

– Isso mesmo mãe, vou gostar muito.

Joana preparava-se para realizar o seu sonho. Telefonou para o seu primo e grande amigo Magalhães, a quem ela  costumava chamar o pianista.

Ao fim do telefonema, Joana estava extremamente contente. O seu primo tinha aceitado fazer uma viagem com ela, também porque a sua mulher teve um imprevisto e não pôde ir, ficando Magalhães com um bilhete a mais. A viagem seria para África, onde o primo de Joana iria dar um concerto. No dia da viagem Joana perguntou ao seu grande amigo o que iriam fazer durante o passeio. Magalhães respondeu que iriam fazer muitas coisas mas que na primeira noite ela iria assistir ao concerto dele. Joana perguntou subitamente:

– Mas vai dar tempo para admirar por um bocadinho a minha lua?

– Decerto que nessa noite não, mas tem calma a lua pode esperar uma noite por ti.

– Pois tens razão, primo.

– Eu sei, lembra-te que estás a realizar o teu sonho, e que agora o mundo é a rua da tua infância.

Os dias da viagem iam chegando ao fim. Joana ia guardando lembranças da sua primeira viagem. Num passeio, África acima, Joana seguia nos passos de Magalhães, quando de repente no meio do nada, Joana descobriu uma pequena flor muito bonita, cor-de-laranja, como o seu cabelo. Nesse momento, o seu primo pianista chamou Joana por Flor do deserto. Joana ficou muito contente com esse nome, guardando aquela flor como a melhor recordação da sua primeira viagem de sonho.

Margarida, 10.ºB

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Estávamos no dia 21 de Julho de 1969, ia eu África acima, quando dei por mim fatigado, sedento e faminto. O mesmo acontecia com os meus companheiros. Caminhávamos na mais alta solidão, enquanto Amstrong pisava a nossa querida Lua, um acontecimento histórico segundo viemos a saber quando acabou a nossa expedição. E querida porquê? Porque a noite significava descanso para mim e meus companheiros, o que era um privilégio para nós. Depois de dias cansativos a caminhar e a levar com o sol ardente na cara, tínhamos no final do dia o nosso descanso merecido.

Nos passos de Magalhães, íamos, anos mais tarde, dia 7 de Fevereiro de 1975, curiosamente ou não, era o meu aniversário. Nesse ano desejava visitar a costa da América do Sul, como Fernão Magalhães fez ao serviço de Espanha. Devo dizer-vos: umas paisagens e umas praias belíssimas, cheias de vida, água límpida, onde apetecia mergulhar. Seriamente, paisagens para mais tarde recordar…

Tragédia, grande tragédia! Ia eu acompanhado de um amigo meu, o pianista, grande sábio quando se fala em música. Era dia 1 de Janeiro de 1980, acordávamos nós depois de uma passagem de ano, na Antárctida, uma passagem de ano muito, muito fria, pudera também não foi dos melhores locais para esta data. Mas continuando este relato: acordei bastante gelado, sentindo que estava talvez a entrar em hipotermia. Então disse bem alto ao meu colega: «eu quero viver!» que depois de ouvir este meu grito de desespero, saltou logo da cama. Cama como quem diz pois estávamos  num iglu.

Depois destas viagens que, nem por sombra estão aqui todas contadas, pois imaginem o tempo que demoraria contar todos os episódios interessantes que vivi, venho contar-vos um momento de gargalhada total. Estava eu no Porto com a Alice, a minha mulher,  e de repente ela lembrou-se de trazer umas flores lindíssimas que havia lá numa florista, e olhei eu para o nome da casa, quando dei com um dos maiores erros que já vi em toda a minha vida. Não é que a Senhora ou quem mandou fazer o nome se enganaram! Vejam só, a casa chamava-se “Frlorista”! Meu Deus, como é possível?! E nesse momento em que estava a contar isso às minhas duas filhas, disseram elas assim: «Não gozes Papá», e eu, de imediato, respondi: «não acreditam?! Perguntem à Alice» .

Depois destas viagens todas, repletas de episódios curiosos, eu tenho um sonho , um sonho que ainda está por realizar  –   ir ao Espaaaaaaço!

Paulo Alexandre, 10.º B

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Segui pela África acima.

Foi uma decisão repentina, apenas me apeteceu fazer uma viagem sem data prevista para o regresso. Viajar ao sabor do vento. Aterrei num aeroporto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Olhei à volta. Havia letreiros: uns em inglês, outros em africânder, alguns em zulu…Estava completamente perdida, mas afinal era isso que eu queria, uma viagem com um destino imprevisto!

Lembro-me que nessa noite dormi numa pensãozita no centro da cidade. Estava cheia de estrangeiros. Tinha um refeitório comum. Enquanto desfrutava calmamente do meu primeiro pequeno-almoço africano senti alguém a sentar-se à minha frente. Levantei o olhar, e vi um homem.

– Hi! – disse ele.

Respondi da mesma maneira. Uma das vantagens desta viagem era mesmo essa, treinar uma língua estrangeira. Começou por perguntar se eu não me importava de o ter como companhia nesta refeição. Respondi que não. Era uma óptima ideia ter alguém com quem conversar. Era um pianista americano. Contou-me que ia viajando pelo mundo, tocando em vários sítios. Falou-me das suas viagens, dos músicos que conhecera, dos palcos onde estivera. Comecei a imaginar a aventura que seria a vida dele, viajando sempre ao som da sua maior paixão: a música. Ao fim de meia hora despediu-se dizendo que tinha de ir ensaiar.

No dia seguinte, lá estava a saborear aquele delicioso croissant com fiambre, quando ele se sentou outra vez à minha frente, mas desta vez não perguntou se eu queria a companhia. Deve ter adivinhado que queria. Retomámos a conversa do dia anterior. A certa altura disse-me para falar sobre mim.

I have a dream… – comecei por dizer. Ir à Lua era o meu sonho. Expliquei‑lhe que sempre tive a necessidade de viajar, que quando estava no mesmo sítio durante muito tempo me sentia presa, e que ir à Lua era o máximo dos máximos para uma viajante como eu. Ele respondeu-me dizendo que A Lua podia esperar, que ainda havia muitas maravilhas para ver no nosso planeta. De facto ele tinha razão, ainda me falta tanto para ver. Foi então que ele me perguntou se podia acompanhar-me ao longo da minha viagem. Fiquei surpreendida com a proposta, pois pensei que mal ele acabasse o seu concerto, voltaria para os Estados Unidos. Comecei a pensar se não seria um pouco arriscado viajar com alguém que mal conhecia, mas por outro lado, se ele me acompanhasse nessa viagem sempre era uma maneira de o conhecer melhor!

Disse-lhe que teria imenso gosto!

Já estávamos em viagem há quase duas semanas, quando algo inesperado aconteceu. Tínhamos acabado de chegar àquela vila angolana (cujo nome não recordo) e estávamos à procura de um lugar para dormir quando tudo começou.

Entrámos numa pequena mercearia para comprar umas sanduíches. De repente, entraram dois homens armados, e sem perceber como, eles atiraram algo e a lojinha ficou cheia de fumo. A última coisa que ouvi foi o merceeiro a gritar:

Eu quero viver!

Comecei a sentir-me tonta e caí redonda no chão. Abri suavemente os meus olhos e a primeira coisa que vi foi alguém a olhar para mim. À medida que a minha visão ia focando, ia vendo aqueles espantosos olhos rasgados maravilhosamente pintados de avelã. Que bela visão para um primeiro acordar!

Era ele, o pianista, meu companheiro de viagem americano.

Matilde Velloso, 10.ºB

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Cartas com destinatários fantásticos

 

Eolândia, num dia qualquer de um mês ventoso, do ano das 2010 rajadas

 

Caro amigo Vento,  

Como tens soprado? Tem sido fácil abanar as árvores para que dispam os seus vestidos, agora no Outono? Tens levantado as saias das senhoras que passeiam pelas ruas?  Espero que sim, e que continues com o teu bom trabalho.

E a família, como vai? Como está a tua filha Ventania? E a tua esposa, a Brisa Suave de que tanto gosto, que acaricia a minha face sempre que passa por mim? Não fiques ciumento, não digo estas coisas para te deixar irritado, não quero que fiques de mau humor. Ainda há um furacão num dos quatro cantos da terra por minha causa… Não quero ficar com esse peso na minha consciência. Quando te zangas, destróis tudo à tua passagem, derrubas as mais belas árvores, retiras os chapéus às casas, é um grande problema. 

Vamos ao que interessa, o motivo que me levou a escrever-te esta carta. Estou realmente preocupada contigo. Quero pedir‑te que tomes os calmantes todos os dias. Tens visto as notícias? Sabes o que tens feito? Parece-te bem? A mim não… Sei que não fazes por mal, mas isto não pode continuar assim…

 Parece-me que tens dupla personalidade. Aconselho‑te a consultar um especialista. Tu, amigo Vento, que nos fazes tão bem e tão mal ao mesmo tempo. Quero agradecer-te por todas as coisas boas que fazes e repreender-te por todas as maldades. Obrigada por me refrescares no Verão, por me fazeres sentir livre sempre que bates docemente na minha cara, obrigada pelo oxigénio que me trazes. Agradeço-te  também pelo simples facto de existires. Se pudesses ser sempre assim… Mas não! Às vezes pergunto-me porque o fazes. Porque insistes em mostrar a tua força e o teu poder? Não acredito que seja apenas para te gabares. Tem de haver outra razão. E qual é?

Esta foi a nona pergunta que te fiz nesta carta. Exijo uma resposta veloz para todas elas.

Brisas e abraços 

A tua amiga Maria Eolófila, 10.º C

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árvores no nevoeiroNebelinolândia, numa madrugada do Brumário de 2010

Meu adorado Nevoeiro,

Escrevo-lhe para lhe dizer o quanto me fascina. Não sei porquê mas sinto-me feliz sempre que o vejo. Será porque me visitou na madrugada de verão em que nasci? Será porque é silencioso quando vem, fica ou vai? Será porque me traz sossego quando faz desaparecer tudo o resto à medida que o envolve?

Existem muitas pessoas que o odeiam, pelas mais variadas razões: por lhes tapar a visão enquanto conduzem, por trazer sempre consigo o seu grande amigo Frio ou por (na opinião delas) lhes tirar a beleza do que está à volta enquanto nos visita.

Adoraria um dia acompanhá-lo nas suas viagens pelo mundo, infelizmente, não me é possível, pelo menos por enquanto. Não disponho dos recursos, do tempo ou sequer sou feito de matéria capaz de flutuar no ar, apesar de não me importar de o ser.

Gostaria ainda de lhe perguntar o que faz quando vem cá a Portugal. Será que vem para ver o seu desenvolvimento ao longo dos séculos? Vem ver os nossos monumentos? Bem isso talvez não, visto que já está aqui na Terra desde que ela tem atmosfera portanto provavelmente assistiu à sua construção. Será que só vem pela simples vontade de passear? Seja como for, aproveito para lhe pedir o que me pode contar de Londres. É uma cidade à qual eu sempre quis ir mas ainda não tive possibilidade.

Bem, não quero maçá-lo mais, por isso termino com um pedido: que me visite no meu aniversário.

P.S: Dê também os meus cumprimentos ao seu amigo Frio e um agradecimento por me ter ajudado a aprender a pronunciar o “R” quando proferi pela primeira vez o seu nome.

Sebastião Omicléfilo, 10.º B

 

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Lamego, na primeira tarde fria de Novembro de 2010

Queridíssimo cachecol,

As tuas riscas coloridas iluminam os dias mais cinzentos. Passeio contigo naqueles dias em que as folhas amarelas caem das formosíssimas árvores espalhadas por toda a avenida.

Eras apreciado e cobiçado pelas pessoas quando estavas na montra das lojas enrolado à volta de um manequim. Foi assim que me seduziste. Não me arrependo de te ter comprado, pois de facto, és indispensável, porque me proteges daqueles vendavais que arrancam cabelos e do gelo das noites invernais. 

Sei que ainda vou passar um longo tempo contigo, mas quando chegarem aqueles dias mais suaves de Primavera, terei que te arrumar. Espero que não te aborreças naquela gaveta funda e escura, onde te irei depositar. Mas não te preocupes, porque esse tempo ainda vem longe.     

Um caloroso e colorido beijo.

 Da tua grande amiga,

Ana Ribeiro Friorento, 10.º B

 

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Lamego, numa tarde de Novembro de 2010

Minhas mui queridas chuteiras,

Escrevo‑vos esta carta com o propósito de vos transmitir os meus agrados, desagrados e alguns sentimentos.

Eu, que quando cheguei à loja e vos vi, me virei para a minha mãe e lhe disse:  «São as tais, mãe!», desde já, queria pedir-vos desculpa pelo facto de vos fazer acordar todos os domingos de manhã para  serem violentamente caceteadas, mas essa infelizmente é a vossa função, lamento. Sinto-vos um pouco desgastadas, é normal, mas ainda sois muito novas. Se bem que já quereis meter os papéis da reforma! Por favor, tudo bem que têm uma profissão cansativa e intensa. Compreendo que tendo três dias úteis de trabalho por cada semana, depois do descanso, levantar ao fim-de-semana, seja muito difícil, mas, caramba, ainda têm muito que pisar, derrapar, rematar, enfim, celebrar comigo os golos e, principalmente, cooorrrer!

No entanto, não são só aspectos negativos, não. Vós sois confortáveis, elegantes, de marca cara, e desde que vos adquiri, que sinto um maior rendimento, o que é excelente. Foi convosco calçadas nos meus pés que marquei o meu primeiro golo neste novo clube. Sei que não o viram, mas decerto que sentiram a energia com que rematei. Que goooooolo, minhas queridas! Se juntarmos todos os quilómetros que vocês já andaram, já teriam dado mais de 3 voltas à volta do mundo! Bom, do meu mundo. Infelizmente vou separar-me de vós, embora permaneçais parceiras da minha vida (<3) .

Com mais nada para vos dizer de momento, despeço-me com muitos mimos, adiantando-vos que em breve terão novo habitat, o meu cantinho de recordações especiais no sótão, pois se eu vos dou à minha mãe, de certeza que a vossa próxima morada será o lixo.

Um sentido adeus del goleador que marcou convosco.

 Paulo, 10.º B

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Dizem que

O barulho incomoda

 A escuridão entristece

Quem vê caras não vê corações

Os últimos são os primeiros

 A matemática é difícil

A brincar se dizem as verdades

O mundo é redondo

Os gatos têm sete vidas

Às vezes andamos na lua

A vida é um mistério

 O mistério da vida é a morte

Vai chover

O mundo vai acabar em 2012

JESUS morreu por nós

Comer laranja à noite faz mal

O que não mata engorda

Contar estrelas faz ganhar verrugas

A adolescência é terrível

Os 16 anos são os melhores

Gato escaldado de água fria tem medo

Quem brinca com o fogo queima-se

O amor é uma invenção humana

Os bebés são trazidos no bico da cegonha

Cão que ladra não morde

Se fala muito no clube de escrita

Ler enriquece o vocabulário

A vida está cara

Portugal está falido

Ana Filipa, 10.ºB

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