Escola Básica e Secundária da Sé
Afinal, o que é que tu queres mais?
Para nós é um passo importante e gratificante, uma vez que nos dedicámos, há mais de um ano, às negociações para trazer, à nossa escola, o Núcleo de Teatro do Oprimido, do Porto.
Esta fase da missão está cumprida; o objectivo, superado. Os alunos gostaram, participaram e deram o seu testemunho junto dos que não estiveram presentes. A aposta foi vencida e a decisão acertada.
Embora se diga, amiúde, que “de bem-intencionados está o inferno cheio”, o nosso propósito era o de enriquecimento cultural (o teatro, que tanto diz à nossa comunidade escolar), o de facultar a reflexão sobre uma temática cada vez mais presente na nossa sociedade e o de lançar o desafio aos que se preocupam com a formação pessoal dos nossos jovens.
O repto está lançado: venham todos, os que estivem de boa fé, juntar-se à equipa interdisciplinar da Educação Sexual em Contexto Escolar, porque todos somos, ainda, poucos. Os nossos alunos precisam de espaços para se manifestar, para procurar respostas sobre temas que lhes despertam a atenção e para encontrar soluções para as dificuldades que estão a vivenciar.
Mas não são apenas os docentes a serem “desafiados” para uma acção concertada nessa área: toda a comunidade educativa é co-responsável nesta dinâmica de formação pessoal do indivíduo. Também os alunos, os encarregados de educação e o pessoal não docente são reais formadores na relação interpessoal, quer ajam de forma consciente ou inconsciente: ninguém vive sozinho… ninguém se educa sozinho. Há sempre muito a fazer, há muito para implementar, há muito em que se empenhar.
Pareceu-nos, na passada quarta-feira, que o terreno estava carente de água e a precisar de algumas “regadelas”; a semente foi lançada… mas tem de ser tratada.
Não nos parece ser possível deixar cair a oportunidade de analisar, com os alunos, que a atitude de possessão não é (nunca foi, nem será nunca) sinónimo de amor e que a violência não é um dado adquirido, uma verba que se deve ao outro, numa relação baseada na tentativa de manipular e de o tratar como “coisa” sua.
Houve muito riso… mas também bastante ingenuidade e pouca argúcia nos argumentos que defendiam o namoro como uma ligação em que “medir forças” se sobrepõe à necessidade de somar alegrias e dividir dificuldades. Não sendo um caminho fácil não deve, contudo, continuar a ser entendido como um contacto em que se faz o “despejo” de adrenalina ou do mau humor sobre aquele que se escolhe para estar “sempre por perto” – completamente disponível para mudar em tudo que se deseja, deixando o seu “eu” subjugado a promessas imaginadas e, por isso mesmo, jamais concretizadas.
Recorra-se, novamente, à canção dos Tribalistas: Já sei namorar…
Será?!