Sou aluna da Escola da Sé há mais ou menos cinco anos: Vou ser sincera: nunca fui rapariga de ligar à aparência e acho que até era bastante desleixada. Nunca me importei com o meu aspecto e nunca liguei a ser magra ou gorda. E tinha a ideia de que só as pessoas maluquinhas caíam na patetice de ficarem doentes devido à sua forma física; várias vezes disse a mim mesma que nunca iria cair nos mesmos erros dessas pessoas, obviamente pensei mal.
A princípio uma amiga minha teve anorexia nervosa e eu não entendia a razão pela qual ela queria emagrecer nunca achei que ela estivesse gorda e por vezes, ela enervava-me com aquela atitude de nunca querer comer e esconder a comida, não compreendi que ela necessitava de apoio e ajuda. Agora sou eu quem mais necessita dessa ajuda.
Neste momento estou com um grave transtorno alimentar e agora entendo o porquê de certas atitudes que ela tomava, agora sei o que ela sofreu e o que sofrem todas as pessoas que têm estas doenças, é muito fácil estar de fora e dizer que tudo vai passar, mas na realidade não é assim.
Todos os dias há várias lutas que temos de travar, numas perdemos noutras ganhamos.
Tudo começou quando dei conta que não estava bem com o meu peso e a partir daí restringi alguns alimentos da minha alimentação, e comecei a ouvir comentários acerca do meu peso. Desde esse momento percebi que teria de fazer algo para não voltar a ouvir coisas como aquelas e deixei de comer durante 3 a 4 meses. Não vou negar que mentia aos meus pais, mentia aos meus amigos e a toda a gente – a verdade é que nunca achei que estas mentiras iriam trazer tantos problemas porque nunca acreditei que estivesse doente.
Uma colega olhou para mim e simplesmente fez um comentário sobre o meu peso que me deixou completamente de rastos, disse-me que eu estava cada vez mais gorda. Naquele momento só me apetecia desaparecer, só pensava em fazer algo para emagrecer rapidamente. Como andava nas sessões com o psicólogo, comecei a comer. Claro que não comia muito mas para mim achava que era o razoável e, então, para controlar aquilo que comia, passei a tomar comprimidos para emagrecer. O psicólogo obrigou-me a parar e referiu coisas que naquele momento eu entendi. Mas não parei; em vez de comprimidos, para controlar aquilo que comia, iniciei uma espécie de ritual: comia e depois ia para a casa de banho e forçava o vómito. Fiz isto até princípios de Dezembro de 2010. Tinha vezes que já nem era preciso forçar, bastava comer e fazer um bocadinho mais de força. Isto tudo piorou, os meus pais foram chamados à escola e eu senti que tinha de mudar de atitude porque vê-los a sofrer foi, e é, o que me custa mais.
Fui encaminhada para um nutricionista e neste momento estou a cumprir um plano alimentar, não é fácil mas já há quase dois meses que não forço o vómito, embora as ideias continuem… tento ir com calma. Mesmo em relação à comida, não é fácil olhar para um prato com comida e estarmos sempre com a ideia de que se comermos engordamos. Nunca pensei em ter de passar por isto e, sinceramente, espero que nunca passem por nada igual. Não liguem a comentários por muito reais que eles pareçam.
Mais uma visita da Liga Portuguesa contra o Cancro à nossa escola
No dia 6 de Abril estiveram, na nossa escola, a convite do Gabinete de Saúde, três elementos da Liga Portuguesa contra o Cancro.
Foram realizadas três sessões, com informações actuais e muito interessantes, sobre o cancro da pele e dos pulmões, dirigidas às turmas dos 7.º e 8.º anos de escolaridade.
As comunicadoras, Dras. Cristiana Fonseca, Aida Silva e Ana Baldaia mantiveram, durante toda a manhã, uma agradável partilha de conhecimentos que nos alertaram para os perigos da exposição ao sol e a agentes químicos como o tabaco.
Não nos iremos alongar nas tão necessárias estratégias de protecção contra estas doenças mas não podemos deixar de, mais uma vez, chamar a atenção para o facto de a nossa saúde estar, em grande parte, dependente das decisões que tomamos. Quanto mais informados estamos, mais responsáveis nos tornamos pelas opções tomadas: há quase duas décadas que o Gabinete de Saúde da Escola da Sé investe na formação de jovens conscientes e
autónomos, preparados para enfrentar os riscos que o acto de viver nos oferece, tentando garantir condições para a escolha de uma vida saudável e, consequentemente, de maior qualidade.
Ao Sr. Director, que mesmo com bastantes compromissos profissionais nos concedeu o prazer da sua presença, no
agradecimento e na disponibilidade de receber, uma outra vez, as nossas convidadas, o nosso obrigado. À equipa do Gabinete, que esteve a acompanhar as turmas durante toda a manhã, e aos outros professores que assistiram às sessões, fica lançado este repto: não desistir, mas insistir, em (in)formar os nossos alunos, sob pena de podermos, num futuro próximo e mesmo que indirectamente, ser considerados responsáveis pela frase que mata a nossa missão de educadores – eu não sabia!…
O Gabinete de Saúde